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DEZ GRANDES IDEIAS VERDES

As histórias de cidadãos preocupados com a transformação de grandes ideias verdes em realidade.
Newsweek green rankings: 10 big green ideas. Newsweek. Nova York, p.24-37, 18 out. 2010.
Tradução: Ronaldo da Silva Legey

NO PRIMEIRO PROTESTO DO DIA DA TERRA, EM 1970, A ANTROPÓLOGA AMERICANA e protoambientalista Margaret Mead fez uma convocação à ação: "Temos de aprender a valorizar esta Terra e a apreciá-la como algo que é frágil, que é apenas uma e é tudo que temos. Temos de usar nosso conhecimento científico para corrigir os perigos que vêm da ciência e da tecnologia”. Naquela época, muito antes de começarmos a dirigir carros híbridos e de os políticos passarem a usar palavras como “sustentabilidade” e “pegada de carbono” para ganhar eleições - Mead e seus correligionários do Dia da Terra ainda não haviam adquirido grande importância. E será que ela se surpreenderia se visse como o movimento verde ganhou força, tornando-se hoje em dia uma ideia dominante? Provavelmente não. Afinal de contas, ela disse certa vez: "Nunca duvide de que um pequeno grupo de cidadãos, preocupados e comprometidos, possa mudar o mundo." Tudo isso vai desaguar numa ótima ideia. Estamos reunindo aqui dez dessas ideias, junto com as histórias de cidadãos que pensam e que estão tentando torná-las realidade.

1.  FAÇA UM HAMGÚRGER MAIS VERDE
QUEM PODERIA PENSAR QUE HAMBÚRGUERES PODEM DESTRUIR O PLANETA? Isso é o que os ambientalistas afirmam estar acontecendo. Dentro da mesma linha de pensamento, eles acusam os fazendeiros de arrasarem a floresta tropical brasileira e dizem que suas vacas, emissoras de metano, sujam a atmosfera com gases de efeito estufa. Ninguém mais tem sido alvo da ira dos ambientalistas do que Blairo Maggi. Apesar de conhecido como um magnata da produção de soja, ele se tornou o melhor amigo do Big Beef quando, ao se eleger por duas vezes governador do Mato Grosso, o estado de fronteira que ostenta os maiores rebanhos do Brasil, ele ajudou a fazer da Nação a primeira exportadora de carne do mundo. Esse "desenvolvimentista” que, em 2005, ganhou do Greenpeace o prêmio “Motosserra de Ouro”, por ser a pessoa que mais contribuiu para a destruição da Amazônia, tornou-se agora o mais recente ativista ecológico do Brasil. No curral, seu discurso mudou e é todo sobre "desenvolvimento sustentável", “créditos de carbono”, ”evitar o desmatamento” – e também sobre carne verde. Em 2006, ele assinou a moratória da soja, acordo pelo qual os esmagadores de soja se comprometeram a não adquirir soja colhida em terras recém-desmatadas. No ano passado, Maggi estendeu a proibição à compra de carne bovina da Amazônia. Ele tem instado os pecuaristas e frigoríficos gigantes do Brasil a agirem mais responsavelmente e está até mesmo usando satélites para monitorar o desmatamento ilegal e as queimadas de florestas. E por que essa mudança de visão sobre o problema ambiental em Maggi? Trata-se de um negócio inteligente. "O mundo inteiro chegou à conclusão de que vale mais a pena manter as florestas de pé do que derrubá-las”, costuma ele dizer. Para ele, "os agricultores que cooperarem devem ser premiados."-Mac Margolis.


2. INVISTA NO IMPROVÁVEL
DIZEM QUE UM GRANDE RISCO TRAZ CONSIGO UMA GRANDE RECOMPENSA. Pergunte sobre isso a um dos fundadores da Sun Microsystems, Vinod Khosla, que se tornou o mais alardeado capitalista de risco do Vale do Silício. Atualmente, contando com um fundo de um bilhão de dólares, de sua empresa Khosla Ventures, focada em investimentos de risco em vários setores de tecnologia, Khosla está apostando em novas empresas que se voltem para tecnologia limpa. "Eu gosto de tecnologias com possibilidade de 90% de fracasso", afirma ele. Isto porque ter 10% de chance de aumentar o seu dinheiro em cem vezes é melhor do que uma chance com 80% de possibilidade de duplicar esse mesmo dinheiro. "Ele acredita que as grandes descobertas começam com ideias altamente improváveis". São as “tecnologias cisne negro", como ele as denomina, numa clara referência à teoria de Nassim Nicholas Taleb sobre a aleatoriedade e imprevisibilidade dos grandes eventos. O grupo de Khosla também está investindo em novas empresas voltadas para tecnologia de baterias de última geração. Entre elas estão a Recapping e a Pellion, descritas por ele como “de longo alcance no armazenamento de energia, sendo que algumas não são sequer baterias". Ele também investiu numa empresa chamada Solum, que está desenvolvendo uma ferramenta de medição para permitir aos agricultores usarem menos fertilizantes, reduzindo assim o escoamento prejudicial do nitrogênio. "Estas são saídas, ideias diferentes" que podem levar de dez a quinze anos para dar frutos. Felizmente, ele pode se dar o luxo de ser paciente. Daniel Lyons-
3. SAIA DO GOLFO
Antes do derramamento de petróleo em massa este ano, 8% do petróleo consumido nos EUA provinham do Golfo do México, um número que se traduz em 1,6 milhões de barris por dia. Essa estatística só ajudou os executivos do petróleo a convencerem o presidente Obama, na semana passada, a reabrir o espaço. A demanda, segundo eles, é demasiado elevada para manter os equipamentos secos. Mas será que é mesmo? Jackie Savitz, uma especialista em análise de políticas, vislumbra, juntamente com a organização internacional para conservação do oceano Oceana, uma agenda bastante simples para se sair do abismo totalmente. Para começar, 10% dos carros da América devem ser movidos a eletricidade até 2020 (já se alcançou cerca de 1% dessa meta). É preciso também mudar as usinas à base de óleo para usinas elétricas limpas (há apenas 105 delas).  E se tem ainda que fazer uma atualização dos processos usados para aquecer cerca de 1/4 dos lares, passando de petróleo para energia elétrica (o que é factível, pois o número desses lares vem decrescendo). Por derradeiro, há que se introduzir gradualmente, em todos os estoques disponíveis, matérias-primas dos biocombustíveis (muitos dos quais não estão sendo utilizados). Com isso, serão economizados 1.6 milhões barris. A Aliança em prol da Energia Limpa (Alliance for Clean Energy) concedeu, neste verão, uma subvenção ao grupo Oceana para colocar em prática a agenda. Essa subvenção pode ser passada por partes, em quotas. E, durante um debate havido mês passado, um alto funcionário do Departamento do Interior admitiu não ser a ideia tão forçada. "As companhias de petróleo dependem de todas essas coisas que soam como se fossem realmente difíceis", diz Savitz. "Mas, na verdade, não são tão difíceis assim."-Daniel Stone.
4. PEGUE UMA ONDA
Mais de 70% da superfície da Terra são cobertos por água. A maior parte dessa água se encontra nos oceanos, que se movimentam e arrebentam por todos os lados, com energia reprimida. E se fosse possível aproveitar toda essa energia? De acordo com descobertas de muitos empreendedores verdes ao longo dos anos, dominar uma onda do mar não é tarefa fácil. A impetuosidade dos oceanos é forte demais para o equipamento necessário a tal proeza e, ainda por cima, a energia produzida é cara. Graças (ironicamente) à Big Petroleum (BP), a colheita nos mares agora está ao alcance da mão. A busca por petróleo e gás enterrados nas profundezas do oceano e calotas polares deu origem a uma nova geração de materiais e equipamentos, capazes de suportar o sal, ventos fortes, ondas gigantes, a pressão da água arrebentando e o choque térmico. Em março, dez empresas de energia conseguiram luz verde para dar início às “fazendas de ondas e marés” (como são conhecidos os complexos de máquinas instalados ao largo da costa para permitir a produção de energia proveniente dos mares), com planos para gerar eletricidade suficiente ao abastecimento de 750 mil casas até 2015. Projetos-pilotos também foram criados em Portugal, Indonésia, Taiwan e na costa nordeste dos Estados Unidos (iniciados falam do "Golfo de Maine”). O Conselho de Marinha da Fundação Europeia para a Ciência concluiu recentemente que a Europa poderia, até 2050, tirar dos mares metade do sua energia. Tudo o de que se necessita é de investimentos públicos e privados em número suficiente para resolver arriscar. - Mac Margolis.
5. ABRAÇE UMA ARMA NUCLEAR
UM DOS GRANDES PROBLEMAS QUE ENVOLVEM A ENERGIA NUCLEAR é que, para produzi-la, precisa-se de primeiro enriquecer o urânio. Esse enriquecimento não é eficiente, pois cerca de 90% do urânio inicial são deixados de lado, considerados como "urânio empobrecido." E pior ainda: quando se começa a enriquecer urânio para produzir combustível, pode-se enriquecê-lo ainda mais e fabricar material para bombas. E o que seria então a energia nuclear que não necessita de urânio enriquecido? Que tal um reator que utilize urânio empobrecido? Essa é a ideia que está por trás do projeto de reator nuclear de última geração denominado TerraPower "Nós já provamos que podemos trabalhar com cálculos teóricos e simulações detalhadas no computador”, afirma Nathan Myhrvold, diretor-executivo da Intellectual Ventures,empresa privada com sede na cidade de Bellevue,  estado de Washington, que reivindica investir em invenção pura. A empresa criou um protótipo de laboratório de pesquisa, ao qual deu o nome de “laboratório de invenção”, onde nasceram as ideias que estão no TerraPower. Myhrvold já foi diretor de tecnologia da Microsoft e BillGates, amigo seu de longa data e um dos fundadores da Microsoft, está entre um dos principais investidores do TerraPower. A empresa conta com uma rede de 120 especialistas em energia nuclear e planeja desenvolver um reator experimental que opere já em 2020. Incluem-se como prováveis países que participarão do projeto a China, a Índia, a Rússia, o Japão e a França. “Tivemos conversas com todos eles nos últimos meses," diz Myhrvold. - Daniel Lyons
6. TRANSFORME FUMAÇA EM ROCHAS
FALA-SE MUITO EM REDUZIR A EMISSÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO, EM TRIBUTÁ-LO E EM ELIMINÁ-LO. Mas existe uma ideia interessante que mostra o que pode ser feito para convivermos com o CO2 existente. A companhia Calera, sediada em Los Gatos, na Califórnia, está desenvolvendo um processo que permite capturar emissões de CO2 na chaminé de uma usina de energia e transformá-lo em cimento. Tal tecnologia pode reduzir as emissões de CO2 de duas maneiras: primeiro, cortando drasticamente as emissões das usinas de energia; em segundo lugar, substituindo as indústrias existentes que fazem cimento, as quais estão entre as maiores emissoras de dióxido de carbono. "Essa é a parte legal da história", diz Randy Seeker, chefe de tecnologia da Calera. "Estamos obtendo duplo proveito com uma só ação". A técnica usada por Calera foi idealizada por Brent Constantz, professor de ciências da Universidade de Stanford. Ao estudar a forma pela qual os recifes de coral se formam na natureza - o dióxido de carbono se mistura com o cálcio para formar o carbonato de cálcio- ele encontrou um caminho para imitar o processo. A Calera tem um projeto-piloto em execução na Califórnia e outro pronto por iniciar no próximo ano em Wyoming: a meta é dispor de projetos comerciais funcionando até 2013 ou 2014. Alguns grandes obstáculos, porém, precisam ser superados. Assim, caso os Estados Unidos não imponham leis que obriguem as usinas a reduzir as emissões de carbono, elas provavelmente não vão pagar alguém com a tecnologia Calera para manter suas chaminés limpas. - Daniel Lyons
7. BEBA SEU LIXO
PARA ALGUNS O CHEIRO DE UM ATERRO SANITÁRIO É DOCE. Isso porque o material que jogamos fora nos pode ajudar a salvar o planeta e dar lucro. O plástico é feito de petróleo. Buscar então formas de reutilizá-lo pode-nos tornar menos dependentes do petróleo. Os eletrodomésticos que descartamos, por sua vez, estão cheios de elementos químicos como níquel, cobre e lítio que, um dia, poderão tornar-se escassos. Por que não garimpar o nosso próprio lixo? Esse é o projeto existente na Bélgica, onde uma empresa britânica, a Advanced Power Plasma, planeja começar a cavar em aterros sanitários, em parte para encontrar metais ali enterrados e, também, gás metano, que poderia gerar eletricidade. A Axion Internacional, de New Providence, na Nova Jersey, encontrou uma forma engenhosa de fabricar estacas, vigas e outros elementos de construção a partir do plástico reciclado.  E será que esse material é forte e resistente? Em Fort Bragg,por exemplo, o exército americano construiu uma ponte para tanques, usando dormentes de estradas de ferro moldados com vigas da Axion. Cingapura, no ano passado, instalou um sistema que transforma esgoto em água potável. E se esse processo pudesse também fazer gerar lucro? Pois eis que Mark Shannon, da Universidade de Illinois, está desenvolvendo um aparelho que consegue transformar esgoto humano em água doce, metano e minerais, os quais poderão ser vendidos no mercado livre. -Michael Kanellos


8. CONTRATE UM MICRÓBIO
MICRÓBIOS VIVEM EM CUBAS DE FERMENTAÇÃO, ALIMENTANDO-SE DE LIXO e, ao final da semana, você pode eliminá-los. Em suma, eles são os empregados perfeitos! Algumas empresas e multinacionais estabelecidas despertaram para o poder de interação do metabolismo que ocorre quando um organismo vivo ingere alimentos e quimicamente os converte em outra coisa. Essa não é uma ideia nova. Por séculos, a humanidade tem explorado a levedura para produzir cerveja e queijo. Agora, porém, as empresas estão começando a perceber os micróbios como um combustível possível para seu carro. A BioCee, de Minneapolis, está trabalhando com micróbios que podem absorver a luz solar e o dióxido de carbono, convertendo-os em um substituto para o petróleo.  A Universidade de Stanford descobriu um micróbio que usa a luz solar para dividir a água em hidrogênio e oxigênio (o que poderia gerar economia de hidrogênio, apontada na década de 90 como uma necessidade real). Amyris de Emeryville, na Califórnia, desenvolveu uma levedura geneticamente modificada para produzir algo semelhante a gasolina. "Podemos criar micróbios para fazerem o que pedimos," diz Steve Jurvetson, capitalista de risco da Draper Fisher Jurvetson (DFJ), sediada na Califórnia, que investiu nas empresas em formação Genomatica e Synthetic Genomics, para desenvolverem produtos químicos usando superbactérias. Há alguma desvantagem nisso?Sim, pois as superbactérias são difíceis de criar, difíceis de produzir em grande volume e não conseguem sobreviver bem. - Michael Kanellos
9. GRITE ISSO BEM ALTO
NUNCA SUBESTIME O PODER DO PROTESTO. MA JUN, um antigo jornalista, especializado em jornalismo de investigação do jornal South China Morning, dirige o Instituto de Assuntos Públicos e Ambientais, uma pequena ONG, situada num apartamento com contrato vencido em Pequim, a qual enfrentou algumas das principais empresas do mundo. Sua ONG coleta dados do governo sobre os fornecedores locais que estão violando as normas ambientais, verificando a que multinacionais ocidentais eles estão ligados. Ele trabalha então, com organizações estrangeiras sem fins lucrativos, para pressionar empresas como a Nike, Levi Strauss, Apple, GE a agirem mais responsavelmente. Na China, falar sobre questões delicadas pode, às vezes, ser mais perigoso para a saúde do que a poluição. Ma, porém, conseguiu fazer isso. Seu grupo agiu como catalisador, apoiando a bem divulgada reivindicação da Wal-Mart para que os seus mil fornecedores chineses de primeira linha melhorassem sua pegada verde. Como ele observa, a versão chinesa da EPA (Agência de Proteção Ambiental) conta apenas com 230 funcionários em tempo integral. Eles cuidam de um país de 1,3 bilhão de habitantes e é por isso que é importante continuar a envolver o Ocidente nas questões ambientais chinesas. "Devemos lembrar que somos o seu quintal, os nossos cursos de água poluídos são seus brinquedos com elementos tóxicos de mercúrio. Está tudo conectado”. Rana-Foroohar

10. CLAREANDO MAIS
AS MELHORES IDEIAS VERDES SÃO AQUELAS QUE POUPAM SEU DINHEIRO de imediato, sem qualquer subsídio governamental ou legislação. E não há melhor exemplo disso que a iluminação LED. É claro que lâmpadas LED custam mais que as tradicionais lâmpadas incandescentes, mas também economizam toneladas de dinheiro em eletricidade, pelo menos bebericando menos suco para fazer a mesma quantidade de luz. "Se você gastar 100.000 dólares para equipar uma garagem com luzes LED, pode poupar 100.000 dólares por ano em eletricidade", diz Charles Szoradi, diretor-executivo da empresa LED Savings Solutions, em Devon, Pensilvânia. Além do mais, essas lâmpadas LED vão durar até dez anos, de modo que os 100.000 dólares de investimento inicial podem oferecer um milhão de dólares de poupança bruta. Não é de se admirar que as grandes empresas estejam entrando na onda LED. Entre elas podemos citar a Wal-Mart, que anunciou planos de colocar luzes LED em 650 de suas lojas. Esse tipo de negócio, e outros como ele, estão alimentando o rápido desenvolvimento da Cree Inc., empresa situada na Carolina do Norte, que faz os semicondutores utilizados em luzes LED, bem como algumas de suas próprias lâmpadas LED. Após vários anos de crescimento modesto, os lucros da Cree explodiram. As vendas no ano fiscal de 2010, que terminou em junho, cresceram 53%%, totalizando 867 milhões dólares, e os analistas esperam que as vendas atinjam 1.2 bilhão de dólares no ano em curso. Com números assim, ninguém pode negar que o ambientalismo é uma ideia brilhante. - Daniel Lyons

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