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CARPE DIEM


CARPE DIEM

Ronaldo Legey

25/02/2015

 

Num dia desses, conversava eu ao telefone com um querido amigo italiano, conhecido em Paris lá pelos idos dos acontecimentos de Maio de 68, mas, desde há muito, residente no Rio de Janeiro. Aproveitando para gastar um pouco do nosso francês, procurávamos botar nosso papo em dia, quando, como sói acontecer com aqueles que já ultrapassaram o quarto de século na existência, veio à tona, sei lá por que, o velho tema da fugacidade do tempo na vida humana. Meu amigo então, sempre zeloso com coisas da cultura, tirou lá do fundo do seu baú de memórias belíssimos versos de um poeta do Renascimento florentino, Lorenzo il Magnifico,  nitidamente marcados pelo tema do  carpe diem”, leitmotiv condutor da lírica clássica ocidental:

Quant’è bella giovinezza
che si fugge tuttavia!
Chi vuole esser lieto, sia,
di doman non c’è certezza.

(Il Trionfo di Bacco)

 Carpe diem! Expressão latina famosa que, ainda nos dias de hoje, permanece e é pronunciada e usada. Frequenta estampas de camisa, é tatuagem no corpo de jovens, é nome de músicas, nome de bandas de música e até mesmo letreiro indicativo do nome de fachada de uma pousada! Diante de tanta insistência em continuar existindo, reacendeu-me a curiosidade de revisitar suas origens. Auxiliado por reminiscências de estudos de literatura dos já distantes tempos de faculdade de Letras e, obviamente, apoiado em pesquisas realizadas na indispensável Internet, pude tecer algumas considerações e apresentar informações, a seguir expostas, que espero possam ser interessantes à leitura. Vamos então aos resultados!

Esta expressão, hoje aforismática, ganhou o mundo a partir de uma obra que é seguramente um dos mais importantes textos da literatura universal: as Odes do poeta romano Horácio (65 - 8 A.C.). Aliás, Horácio contribuiu para a coleção de nossa herança de aforismos. Outra expressão célebre do autor foi aurea mediocritas, usada para indicar que a virtude está no meio, ou seja,trata-se de um convite à modéstia e à prudência, por oposição à intemperança, ao orgulho e à vida de risco.

Nas Odes,  dirigindo-se  a uma personagem feminina, Leucônoe, o poeta a exorta a não procurar adivinhar o futuro, dizendo-lhe prudentemente: “carpe diem, quam minimum crédula postero”, ou seja, “colhe o dia e seja minimamente crédula em relação ao porvir”:

Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
aetas: carpe diem quam minimum credula postero.
Não interrogues, pois não é lícito nem a mim nem a ti saber que fim os deuses
darão, Leucônoe. Nem recorras aos cálculos babilônicos, pois melhor será
aceitar o que tiver de ser, seja muitos invernos concedidos por Júpiter,
seja apenas este último que agora quebra as ondas do mar Tirreno contra as
rochas erodidas. Sê sábia, filtra os vinhos e, para um breve espaço de tempo,
            poda a esperança longa. Enquanto    conversamos,  terá fugido
o tempo invejoso: colhe o dia e sê minimamente crédula em relação ao porvir.

Com o “carpe diem”, Horácio resume o poema: no qual busca persuadir Leucônoe a aproveitar o momento presente, dele tirando o máximo de proveito, sem se preocupar com o dia e a hora de sua morte. Carpe é uma forma imperativa  do expressivo verbo latino carpo, carpis, carpěre, carpsi, carptum, o qual tem por significação primitiva « arrancar »; « colher » (uma flor); posteriormente « rasgar, censurar, triar, escolher, saborear, aproveitar ».

Entretanto, não foi apenas Horácio quem despertou toda a atenção para o tema contido na ideia do carpe diem. Conforme assinalam Pagoto e Carvalho (2009), outros escritores romanos também cultivaram o gênero em Roma, como Catulo, cujo exemplo mais extraordinário e característico se encontra no Carmen V (Poema V): Vivamus, mea Lesbia, atque amemus (“Vivamos, minha Lésbia, e amemos”).

Tornado célebre junto ao grande público, desde a Antiguidade, esse aforismo epicurista, para usar aqui a expressão empregada por Antônio Cícero em seu blog (2010), tem sido ao que parece para alguns objeto de interpretação por vezes equivocada, segundo a Wikipédia. A expressão, traduzida por « aproveita o dia presente », significa, na verdade, « colhe o dia », mas tem sido confortavelmente compreendida como uma incitação ao hedonismo exagerado, perdendo toda a sua relação com o texto original, o qual, contrariamente, incita a bem saborear o presente, sem, todavia, recusar qualquer disciplina de vida, na ideia de que o futuro é incerto e que tudo vai desaparecer. Trata-se, pois, de um hedonismo de ascese, de disciplina, de uma busca ordenada e controlada do prazer, uma vez que Horácio integrava os epicuristas da era romana e não iria trair uma ética que identifica o bem aos prazeres comedidos e espirituais.

De Horácio em diante, o tema do “carpe diem” ganhou vida própria, Tornou-se recorrente, ou, como se diz no jargão jornalístico atual, tornou-se um viral. Assumiu então várias formas. Assim que, já em Ausônio, poeta romano do século IV, o tema se transforma no não menos célebre Collige, virgo, rosas" ("Colhe, menina, as rosas").

Collige, virgo, rosas, dum flos novus et nova pubes

et memor esto aevum sic properare tuum.

—Epigrammata: «Rosae» 2:49

Colle, donzela,  as rosas enquanto a flor está fresca e fresca é a juventude,

Lembrando que o tempo está passando depressa.

 

 

 Observe-se que o tema se manifesta em outras formas artísticas, como na tela de John William Waterhouse "Gather ye rosebuds while ye may",abaixo reproduzida e baseada no poema do inglês Robert Harrick (1591-1674) aqui também transcrito:



Gather ye rose-buds while ye may:
Old Time is still a-flying;
And this same flower that smiles to-day,
To-morrow will be dying.

The glorious lamp of heaven, the Sun,
The higher he's a-getting,
The sooner will his race be run,
And nearer he's to setting.

That age is best, which is the first,
When youth and blood are warmer;
But being spent, the worse, and worst
Times, still succeed the former.

- Then be not coy, but use your time,
And while ye may, go marry;
For having lost but once your prime,
You may for ever tarry.

Passou-se então a simbolizar tudo na rosa, flor que fenece rapidamente e que deve ser colhida apenas floresce. Ela se tornou a própria metáfora da brevidade da existência humana.

Na poesia francesa do século XVI, sobretudo entre os poetas do movimento intitulado La Pléiade, era uma constante. Ronsard, por exemplo, um dos poetas desse grupo, em seus Sonetos para Helena (1578) escreve o seguinte: « Cueillez dès aujourd'hui les roses de la vie » ( Colhe hoje mesmo as rosas da vida):

 

Quand vous serez bien vieille, au soir, à la chandelle,
Assise auprès du feu, dévidant et filant,
Direz, chantant mes vers, en vous émerveillant :
« Ronsard me célébrait du temps que j'étais belle ! »

Lors, vous n'aurez servante oyant telle nouvelle,
Déjà sous le labeur à demi sommeillant,
Qui au bruit de mon nom ne s'aille réveillant,
Bénissant votre nom de louange immortelle.

Je serai sous la terre, et, fantôme sans os,
Par les ombres myrteux je prendrai mon repos ;
Vous serez au foyer une vieille accroupie,

Regrettant mon amour et votre fier dédain.
Vivez, si m'en croyez, n'attendez à demain :
Cueillez dès aujourd'hui les roses de la vie.

Malherbe, em 1598, lamentando a morte de uma jovem menina, não foge ao simbólico tema da rosa:

Et rose elle a vécu ce que vivent les roses

L’espace d’un matin

Na literatura espanhola, o tema é frequente em Garcilaso de la Vega, Lope de Vega, Góngora e muitos outros Veja-se, a título de exemplo, o soneto XXIII de Garcilaso de La Veja (1503-1536)

En tanto que de rosa y de azucena
se muestra la color en vuestro gesto,
y que vuestro mirar ardiente, honesto,
con clara luz la tempestad serena;

y en tanto que el cabello, que en la vena
del oro se escogió, con vuelo presto
por el hermoso cuello blanco, enhiesto,
el viento mueve, esparce y desordena:

coged de vuestra alegre primavera
el dulce fruto antes que el tiempo airado
cubra de nieve la hermosa cumbre.

Marchitará la rosa el viento helado,
todo lo mudará la edad ligera
por no hacer mudanza en su costumbre.

 

O nosso Camões também não fez por menos e nos brindou com o magnífico soneto “Está-se a primavera transladando”:

 

Está-se a Primavera trasladando
Em vossa vista deleitosa e honesta;
Nas belas faces, e na boca e testa,
Cecéns[i], rosas, e cravos debuxando.

De sorte, vosso gesto matizando,
Natura quanto pode manifesta,
Que o monte, o campo, o rio, e a floresta,
Se estão de vós, Senhora, namorando.

Se agora não quereis que quem vos ama
Possa colher o fruto destas flores,
Perderão toda a graça os vossos olhos.

Porque pouco aproveita, linda Dama,
Que semeasse o Amor em vós amores,
Se vossa condição produz abrolhos.

No Brasil, conforme indica Antônio Cícero (op. cit.), Gregório de Matos, imitando um famoso poema de Gôngora, diz, em soneto dedicado a uma "discreta e formosíssima Maria":



Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca o Sol, e o Dia:

Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda ligeireza
E imprime em toda flor sua pisada.

Ó não aguardes que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.

 

 O mesmo tema será retomado no século XVII pelos poetas ingleses Robert Herrick e Andrew Marvel, assim como no século XX, onde, apenas para citar uma dentre várias ocorrências, indicamos L’instant fatal, do poeta francês Raymond Queneau  (1903-1976), retomado, aliás, por Juliette Gréco na famosa canção Si tu t’imagines.

 

L'instant fatal,

Si tu t'imagines
Si tu t'imagines
Fillette fillette
Tu t'imagines
Xa va xa va xa
Va durer toujours
La saison des za
La saison de za
Saison des amours
Ce que tu te goures
Fillette fillette
Ce que tu te goures

Si tu crois petite
Si tu crois ah ah
Que ton teint de rose
Ta taille de guêpe
Tes mignons biceps
Tes ongles d'émail
Ta cuisse de nymphe
Et ton pied léger
Si tu crois petite
Xa va xa va xa
Va durer toujours
Ce que tu te goures
Fillette fillette
Ce que tu te goures

Les beaux jours s'en vont
Les beaux jours de fête
Soleils et planètes
Tournent tous en rond
Mais toi ma petite
Tu marches tout droit
Vers ce que tu vois pas
Très sournois s'approchent
La ride véloce
La pesante graisse

Le menton triplé
Le muscle avachi

Allons cueille cueille
Les roses les roses
Roses de la vie
Et que leurs pétales
Soient la mer étale
De tous les bonheurs

Allons cueille cueille
Si tu le fais pas
Ce que tu te goures
Fillette fillette
Ce que tu te goures

Gallimard, 1948

A máxima Carpe Diem não fica só na literatura ou na pintura. Rompe muros e se manifesta:

v  em relógios solares:

v   em ítulo de canções ou de álbuns, conforme a relação apresentada no site Wihipédia:

  • A banda Metallica, no seu lançamento de 1997, "Reload", apresentou uma música "Carpe Diem Baby", que encoraja o ouvinte a "espremer e chupar o dia" (come squeeze and suck the day / Come Carpe Diem Baby).
  • A banda Dream Theater, em seu EP A Change of Seasons, presta uma homenagem à filosofia do Carpe Diem com sua música-título do disco, de 23:06 minutos, incluindo na letra trechos de falas do filme Sociedade dos Poetas Mortos.
  • A banda japonesa Yellow Generation possui um CD chamado Carpe Diem. No começo do refrão, a frase usada é To the Virgins, to Make Much of Time 命短し恋せよ乙女 (To the Virgins, to Make much of time, Inochi mijikashi, koiseyo otome) (Para as virgens, para aproveitarem o tempo, a vida é curta, portanto, se apaixonem, garotas)
  • A banda japonesa Aqua Timez possui um CD chamado Carpe Diem.
  • A banda inglesa Mott the Hoople tem um album chamado Carpe Diem.
  • A banda francesa de rock progressivo Carpe Diem
  • A banda brasileira Catedral possui uma música com o título Carpe Diem.
  • As bandas brasileiras Cueio Limão e a Fresno também possuem uma música intitulada Carpe Diem
  • O músico português Rodrigo Leão compôs uma melodia de nome Carpe Diem.

  • A cantora latina Belinda lançou seu novo álbum também com o nome Carpe Diem, além da palavra estar presente na letra de "Dopamina".
  • A banda americana August Burns Red possui uma música com o título de Carpe Diem.
  • A banda americana Green Day possui uma música chamada Carpe Diem.
  • O álbum de 2000 da banda Pretty Maids tem o título e uma música com o nome Carpe Diem.
  • O grupo português Mind da Gap tem uma música intitulada de Carpe Diem, integrada no álbum A Essência, lançado em 2010.
  • O Cantor Norte - Americano Chris Brown está em Uma Turnê Mundial Intitulada Carpe Diem.

v  em até mesmo em projetos de arquitetura!

v  no cinema, onde a ideia é magistralmente transmitida no filme A Sociedade dos poetas mortos (Dead poets society), quando o professor de inglês John Keating, na figura do saudoso ator  Robin Williams, em certo momento diz aos jovens estudantes: "Estão vendo todos estes alunos das fotos, que parecem fortes, eternos Estão todos mortos. Carpe diem.Colham o dia,rapazes. Vivam suas vidas de forma extraordinária...."..

Há ainda outras manifestações relacionadas ao tema. É o caso da canção De Brevitate Vitae (Sobre a brevidade da vida), mais conhecida como Gaudeamus igitur, (Vamos aproveitar), a qual serve de Hino Universitário em todo o mundo, especialmente na Europa, frequentemente interpretada em cerimônias de graduação ou formaturas. Apesar desse uso formal, é um hino jocoso, alegre, que brinca com a vida universitária. A canção remonta a 1287 e já era conhecida ao tempo da fundação da alma mater de todas as universidades européias, a célebre Universidade de Bolonha. Situa-se dentro da tradição do carpe diem com suas exortações para aproveitar a vida.


 

Gaudeamus igitur
Juvenes dum sumus.
Post jucundam juventutem
Post molestam senectutem
Nos habebit humus.
Alegremo-nos, portanto,
Enquanto somos jovens.
Depois de uma juventude prazenteira,
Depois de uma velhice doentia,
A terra nos terá.
Ubi sunt qui ante nos
In mundo fuere?
Vadite ad superos
Transite in inferos
Hos si vis videre.
Onde estão os que, antes de nós,
No mundo estiveram?
Procurem no Céu,
Mergulhem no Inferno,
Se os quiserem ver.
Vita nostra brevis est
Brevi finietur.
Venit mors velociter
Rapit nos atrociter
Nemini parcetur.
Nossa vida é breve,
Logo findará.
A morte vem rápida,
Arrebata-nos atrozmente
Sem ninguém poupar.
Vivat academia!
Vivant professores!
Vivat membrum quodlibet
Vivant membra quaelibet
Semper sint in flore.
Viva a academia!
Vivam os professores!
Viva cada estudante!
Vivam todos os estudantes!
Estejam sempre no ápice!
Vivant omnes virgines
Faciles, formosae.
Vivant et mulieres
Tenerae amabiles
Bonae laboriosae.
Vivam todas as virgens,
Fáceis e formosas!
E vivam também as matronas,
Ternas e amáveis,
Boas, laboriosas.
Vivat res publica
et qui illam regit.
Vivat nostra civitas,
Maecenatum caritas
Quae nos hic protegit.
Viva a comunidade (país, coisa pública)
E quem a governa!
Viva nossa cidade
E a caridade dos nossos patronos
Que aqui nos protegem!
Pereat tristitia,
Pereant osores.
Pereat diabolus,
Quivis antiburschius
Atque irrisores.
Morra a tristeza!
Morram os odientos!
Morra o diabo,
Os que são contra os estudantes
E os que zombam de nós!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Relacionada, embora distinta, é a expressão "memento mori" (lembra-te de que és mortal), cujo sentido é tema de Horácio também em suas Odes”.

Latim
Português
Eheu fugaces, Postume, Postume,
labuntur anni nec pietas moram
rugis et instanti senectae
adferet indomitaeque morti,
non, si trecenis quotquot eunt dies,
amice, places inlacrimabilem
Plutona tauris, qui ter amplum
Geryonen Tityonque tristi
compescit unda, scilicet omnibus
quicumque terrae munere uescimur
enauiganda, siue reges
siue inopes erimus coloni
 
Ai, Póstumo, Póstumo, fugazes
escorrem os anos e nem a piedade trará
retardo às rugas e à iminente
velhice e à indômita morte,
nem, amigo, se em cada dia que se vai,
aplacares com trezentos touros
Plutão, ilacrimável, que confina
o trigigante Gerião e Tício
em suas fúnebres águas; ou seja, todos,
quem quer que dos dons da terra nos nutrimos,
terão de cruzá-la, quer reis
quer pobres colonos sejamos.
 

Ela tem a mesma conotação de “carpe diem”. Para Horácio, a consciência de nossa própria mortalidade é a chave para nos darmos conta da importância do momento. “Lembra-te de que és mortal, então colhe o dia”. Com o tempo a expressão “memento mori” também veio associada à questão da penitência, como se sugere em muitas “vanitas paintings[ii]. Hoje em dia, muitas pessoas poderão tomar as duas expressões como representando quase que o oposto uma da outra: o “carpe diem” intensificando o sentimento do aproveitar-se a vida e o “memento mori” levando-as a resistir ao seu fascínio. Este não é o sentido da expressão “memento mori” usada por Horácio.

Pois bem, o importante é termos consciência de que ideias podem se transformar, porém, não morrem se estiverem solidamente ancoradas na realidade humana. Hoje, no século XXI, vemos o “carpe diem”, impulsionado pelos bons ventos da existência, continuar seu périplo, promovendo um elo entre o passado e o presente e sintetizando a permanência daquilo que a inexorável frase pronunciada na Quarta-feira de Cinzas pelo sacerdote nos lembra:Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris”.

Referências

 

  1. CÍCERO, Antônio. Carpe diem. Disponível em : http://antoniocicero.blogspot.com.br/2010/02/carpe-diem-o-seguinte-artigo-publicado.html. Acesso em: 23 fev. 2015.
  2. DICTIONNAIRE GAFFIOT LATIN-FRANÇAIS. Disponível em: < http://www.lexilogos.com/latin/gaffiot.php?q=carpo>. Acesso em  23 fev. 2015.
  3. PAGOTO,Cristian e CARVALHO, Aécio Flávio de. O carpe diem horaciano na poesia de Adélia Prado, In: CELLI – COLÓQUIO DE ESTUDOS

LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS. 3, 2007, Maringá. Anais... Maringá, 2009, p. 230-239. Disponível em: < http://www.ple.uem.br/3celli_anais/trabalhos/estudos_literarios/pdf_literario/024.pdf>.Acesso em: 24 fev. 2015.

  1. WIKIPÉDIA. Carpe diem. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carpe_diem. Acesso em: 23 fev 2015




[i] Cecém:  açucena-branca (Lilium candidum)
[ii] Vanitas, nas Artes, é um tipo de obra de arte simbólica especialmente associada com o estilo de pintura Still-life, do norte da Europa e dos Países Baixos, nos séculos XVI e XVII, embora também seja comum em outros lugares e períodos. A palavra em latim significa "vacuidade, futilidade"[1] ; na história da Arte é interpretada como "vaidade", e pode ser compreendida como uma alusão à insignificância da vida terrena e à efemeridade da vaidade.

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