As agruras de um tradutor
Traduzir exige muito trabalho. Não basta conhecer bem a língua estrangeira e, é óbvio, a sua própria língua. Há muitas armadilhas e dificuldades que é preciso vencer.
Lembro-me de um texto escrito em inglês, no qual havia uma referência a Roosevelt, que era considerado um Svengali quando falava ao público. Ora, a tradução era esta, mas e o que entender por Svengali?
Ainda não estávamos com a Internet tão desenvolvida e o Google à disposição. Consultei um amigo meu italiano que vive atualmente no Rio de Janeiro. Perguntei-lhe se Svengali era algum personagem da literatura italiana que ele conhecesse. Não, não era.
Felizmente, ele consultou um amigo seu e desvendamos o mistério. Svengali era um personagem de ficção no romance Trilby, de George du Maurier, datado de 1894. Era um hipnólogo que encantou uma cantora lírica sem voz e a fez cantar como ninguém, até que, após a morte do bruxo, ela perdeu a voz. Assim era Roosevelt: ao abrir a boca encantava a todos.
A revista Neewsweek de 06/12/2010, traz um artigo interessante sobre Nova York e o boom dos imóveis de luxo que por lá está havendo. Meti-me a traduzir o texto, aliás não muito fácil. Empaquei numafrase que se referia a empreendimentos imobiliários lançados com muito estardalhaço, mas que pouco tempo depois são esquecidos, em virtude de algum traço negativo. A frase era a seguinte: “Think cookie-cutter New York art deco”.
Ora, e como traduzir cookie-cutter?Não tem sentido põr “cortador de massa de biscoitos”, que é, aliás, o que significa cookie-cutter. No texto, porém, não faz sentido. Pus-me então a pesquisar. Fui aos vários dicionários de inglês que possuo, e nada. Fui ao Google, e nada. Fui a dicionário de gírias em inglês, e nada.
“Marked by sameness and a lack of originality; mass-produced. Often used to describe suburban housing developments where all of the houses are based on the same blueprints and are differentiated only by their color.”
Beleza! Solucionei o problema, mas deu trabalho!
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